Conhecida de boa parte do público por
séries populares como Mike & Molly (2010-2013) e Samantha Who?
(2007-2009), desde quando se destacou no hit Missão Madrinhas de
Casamento (2011), a atriz Melissa McCarthy se tornou
a “sensação do momento” nas recentes comédias comerciais
norte-americanas. Emplacando filmes em sequência – alguns de gosto
duvidoso -, nada mais natural que sua figura, muitas vezes
extravagante, venha cansar a audiência. Porém, mesmo considerando que
McCarthy faça sempre personagens semelhantes, não dá para negar seu
talento natural para causar risos. E pode-se dizer que tal aptidão
funciona novamente em As Bem-Armadas, no qual co-protagoniza com Sandra Bullock.
Afastada das comédias desde Maluca
Paixão (2009), que lhe rendeu injustamente o framboesa de ouro no mesmo
ano em que ganhou o Oscar por Um Sonho Possível, Sandra Bullock
demonstra que ainda detém carisma e timing para fazer humor. E dividir a obrigação em ancorar As Bem-Armadas
com McCarthy só lhe fez bem, pois parece muito à vontade em cena.
Quanto ao filme em si, não se vê grandes novidades, repetindo fórmulas
e abusando dos clichês. Mas o diretor Paul Feig,
astuto, envolve sua obra com um bem-vindo clima de comédia de ação dos
anos 80 – ao melhor estilo Um Tiro da Pesada (1984) e Maquina Mortífera
(1987), ambos guardados as devidas proporções – que acaba fazendo todo
o sentido.
Na movimentada trama de As Bem-Armadas,
Sandra Bullock é Ashburn, uma agente especial do FBI meio metódica e
quadradona. Enquanto Melissa McCarhty é Mullins, uma policial distrital
desregrada, mas especialmente reconhecida por impor à lei quando
preciso. O caminho das duas se cruza quando Ashburn é designada para
investigar um caso de tráfico de drogas na área da qual Mullins é
responsável. Em um primeiro momento, elas acabam entrando em conflito,
mas não demora muito até que virem colaboradoras. E a graça reside
justamente nesses desencontros, desavenças e choque de personalidades
proposto pelo simples e despretensioso roteiro escrito por Katie
Dippold (da série Parks and Recreation).
Sempre dotada das melhores tiradas, a
policial Mullins de Melissa McCarhty cresce quando resolve pegar no pé
da sua então parceira ocasional, fazendo chacota de seu alinhamento
padrão de agente do FBI e também de sua pouca capacidade de
socialização. Curioso que As Bem-Armadas vai um pouco
a contramão da tendência as escatologias das comédias para adultos
atuais, se revelando como um produto de tons parcialmente moderados.
Apesar da boca-suja da policial Mullins, o filme não aposta em gracejos
sexistas e arroubos sobre necessidades fisiológicas. E até abre espaço
para discutir – de forma rasa, claro -, valores familiares. Um outro
detalhe positivo é inverter algo que parecia totalmente natural no
contexto: Mullins faz a mulher fatal, à medida que Ashburn é a
“travada”.
Em As Bem-Armadas não
se vai encontrar muito mais do que um entretenimento escapista
esquecível trabalhado com algum esmero e pronto para ser consumido sem
grandes ressalvas.
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